A história da FSSPX, como a da Igreja Católica, é um belo mistério. Ambas continuam a florescer, apesar de muitos contratempos e incertezas. De origem humilde, a FSSPX tem crescido exponencialmente e agora proclama a fé em todo o mundo.
Fundação
Dom Marcel Lefebvre, em resposta aos pedidos insistentes de jovens interessados em uma formação sacerdotal tradicional, fundou a Fraternidade de São Pio X em 1º de Novembro de 1970.
Na época, ele tinha 65 anos e havia servido à Igreja Católica como Delegado Apostólico para a África francesa, como Arcebispo de Dakar e como Superior Geral dos Padres do Espírito Santo, a maior congregação de padres missionários da época. Leia mais em no link fundador.
Onze jovens começaram seus estudos sob a direção do arcebispo num novo seminário em Ecône, na Suíça. O bispo local de Friburgo estava convencido de que este novo seminário traria grandes benefícios para a Igreja e deu rapidamente a aprovação oficial. Além disso, o Cardeal Wrigth, prefeito da Sagrada Congregação para os religiosos, aprovou e elogiou «a sabedoria das normas dos Estatutos da Fraternidade» em uma carta que tem a data de 18 de fevereiro de 1971.
Oposição
No entanto, o objetivo dessa nova congregação sacerdotal foi mal compreendido por alguns, inclusive por cardeais da Cúria Romana. Muita gente pensou que o antigo arcebispo tinha se rebelado contra o papa, porque só permitia o rito latino tradicional da missa em seu seminário.
Pelo contrário, Dom Lefebvre insistia em dizer que respeitava e honrava o Santo Padre e que só estava continuando uma tradição católica ininterrupta. Amava o rito tridentino da missa e sabia por experiência quão benéfico era para a formação de sacerdotes santos. De fato, o rito tridentino nunca tinha sido suprimido, mesmo depois da instituição do novo rito.
Dom Marcel Lefebvre se opunha também a outras tendências modernas como o ecumenismo (uma doutrina que considera todas as religiões como benéficas e válidas) e a colegialidade (que afirma que a Igreja é dirigida pelo governo democrático e pelas conferências episcopais, limitando o poder do papa como único chefe da Igreja universal e o poder individual e autônomo dos bispos em suas próprias dioceses).
A postura firme de Dom Lefebvre sobre essas questões não agradou a algumas das autoridades romanas que queriam o avanço do novo rito da missa em língua vernácula numa Igreja cada vez mais liberal e moderna.
Portanto, dois visitadores apostólicos foram enviados para realizar uma visita canônica (uma espécie de inspeção oficial) no seminário de Ecône em 1974. Eles ficaram impressionados pelos altos padrões acadêmicos e pela piedade dos seminaristas; sua única reclamação foi relativa ao fato de que a missa não era celebrada segundo o novo rito. Eles voltaram a Roma com relatório positivo sobre o seminário.
Supressão
Apesar do relatório favorável, Dom Marcel Lefebvre foi chamado a Roma e foi entrevistado por três cardeais. Algumas semanas mais tarde, o novo bispo de Friburgo suprimiu repentinamente a FSSPX, em 6 de Maio de 1975.
Atônito, Dom Lefebvre fez um apelo oficial e perguntou sobre as razões que motivavam esse ato drástico. Não recebeu resposta de Friburgo nem de Roma. Ainda pior, em 1976, Dom Lefebvre foi suspenso ab ordinum collatione, ou seja, foi proibido de ordenar diáconos e sacerdotes, e mais tarde recebeu a suspensão a divinis, ou seja, a proibição de realizar qualquer função sagrada, incluindo a celebração da missa.
Confuso com essa supressão brusca e com um silêncio inexplicável, o arcebispo decidiu que devia continuar exercendo suas funções como reitor do seminário em Ecône. De fato, apoiava-se no Direito Canônico que estipulava que tal suspensão não podia entrar em vigor até que o apelo oficial permanecesse sem resolução, principalmente porque não lhe foi dada nenhuma resposta.
Naquele verão de 1976, ordenou normalmente os sacerdotes. Também levou a seus seminaristas em peregrinação a Roma como um gesto de boa vontade.
Consagração dos Bispos
A FSSPX, apesar de sua aparente supressão, cresceu rapidamente. Novos seminários na Alemanha, nos Estados Unidos, na Argentina e na Austrália foram abertos. Irmãs e irmãos religiosos e membros leigos da Ordem Terceira juntaram-se às suas fileiras cada vez mais numerosas. Em 1987, a Fraternidade São Pio X tinha estendido o seu apostolado a todos os continentes do mundo.
Dom Lefebvre, depois de repetidas e infrutuosas negociações com Roma, decidiu, em 1988, consagrar quatro novos bispos para servir à Fraternidade São Pio X e a seus fiéis.
Em resposta, o Papa emitiu um documento oficial excomungando o arcebispo e os quatro novos bispos. Foi algo que afetou profundamente ao arcebispo, mas ele tinha plena consciência de haver feito o que devia e de que estava obrigado a tomar as medidas necessárias para preservar a FSSPX e seu apostolado em todo o mundo.
Dom Lefebvre faleceu três anos mais tarde, em 25 de março de 1991.
Atualmente
A FSSPX continuou o seu apostolado, apesar da morte de seu fundador. Em 1994, o bispo Dom Bernard Fellay foi eleito superior geral, cargo que ainda ocupa atualmente. Notavelmente, no Jubileu de 2000, ele levou todos os sacerdotes, religiosos e seminaristas em peregrinação a Roma, buscando expressar o amor e respeito pelo Santo Padre.
O Papa Bento XVI, mais tarde, decidiu liberar a missa tradicional em latim num motu proprio chamado Summorum Pontificum de 2007 e, em 2009, levantou as “excomunhões” lançadas contra os quatro bispos da FSSPX.
Atualmente, a Fraternidade São Pio X tem mais de 600 sacerdotes e quase meio milhão de fiéis espalhados por todo o mundo e corajosamente continua seu trabalho apostólico.